quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Reflexão: A Arte do Descarte de Ana Lúcia Merege

Dos muitos escritores que conheci pelo twitter, uma escritora andou me proporcionando uma visão interessante sobre os livros, depois de ter mostrado a Biblio da Ana aqui no blog, ela disse que isso gerou uma reflexão nela sobre descarte de livros e como resultado ela postou essa reflexão em seu blog: A Estante Mágica de Ana

E com a permissão da Ana eu vou publicar aqui a reflexão dela. Que achei mais do que interessante e creio ser de grande utilidade para muitas pessoas, principalmente aquelas que colecionam ou simplesmente guardam os livros que lêem.

(clique no nome para ver a postagem original)

"Há alguns dias fiz uma participação especial no blog Inútil, da Adriana Alberti, que publica a série “Mostre Sua Biblioteca” (se alguém quiser ver como são as “estantes mágicas” de verdade, é só clicar aqui). Uma leitora, aliás bibliotecária como eu, comentou ser impossível nos desfazermos dos livros – uma posição bem diferente da minha, que já me desfiz de mais de 1.000 volumes. Foi a partir daí que surgiram estas reflexões.

Na faculdade, entre as matérias que ensinavam como administrar bibliotecas, tive uma que enfatizava a importância do descarte. A palavra assusta, concordo, mas, quando se trata de livros, “descartar” dificilmente significa “jogar fora”. O que acontece na prática é que, dadas as limitações de espaço e o fato de as bibliotecas estarem (quase) sempre crescendo, é recomendável fazer uma triagem periódica, separando o que é pouco utilizado, as obras obsoletas, as danificadas e os exemplares triplicados, quadruplicados e daí para cima. Isso se faz através de métodos e critérios que variam de acordo com a biblioteca, e, como devem imaginar, pode ser complicado quando se tem que passar pelo crivo de outros.

O exemplo mais típico ocorre nas bibliotecas universitárias, onde os professores sempre acham que podem precisar daquele livro “mais tarde”. Nesse caso, é comum vê-los “salvar” as obras do descarte, levando-as para suas salas de trabalho ou até para casa, onde a regra – embora haja exceções – é que continuem intocados, apenas ocupando espaço e acumulando pó.

É desse triste destino que o descarte pretende poupar os livros. Uma vez selecionados, eles são passados à frente por meio de venda, troca ou doação, que costuma ser benvinda em bibliotecas populares ou comunitárias. É verdade que muitas vezes não se sabe a quem doar, mas isso não é problema, desde que você não faça questão de receber algo em troca. Ligue para o sebo mais próximo ou, em cidades grandes, fale com aqueles livreiros de calçada. A maioria ficará feliz em se encarregar dos livros, e é mais provável que eles acabem encontrando novos donos do que se estivessem escondidinhos na sua casa.

Para as obras em bom estado e não-didáticas, há opções ainda mais interessantes. Elas podem ser vendidas, trocadas e até deixadas em bancos de praça, como aconteceu numa campanha há muitos anos (espero que neste momento haja alguém se deliciando com meu "Tibicuera", deixado numa praça em Niterói, e o faroeste no Parque das Águas de Caxambu). Isso faz com que os livros circulem, o que, pensando bem, é a sua principal função. Muito mais do que simplesmente decorar estantes.

Agora, com tudo isso, não estou querendo dizer que você deve detonar sua biblioteca pessoal. Pelo contrário! Ao longo das duas décadas em que venho me desfazendo de livros (até os 20 anos me limitei a acumulá-los) eu devo ter comprado pelo menos quatro volumes para cada um dos que descartei. Não tenho mais espaço, as estantes estão abarrotadas, e assim continuarão mesmo que saia outra leva, toda de leitura recente e à qual não pretendo retornar. Porque, é claro, assim como há critérios de descarte há os de permanência. Livros de que gosto muito, os difíceis de repor, os que sempre revisito, os que uso como referência para trabalhar, esses vão ficando, e creio que ficarão para sempre.

Ou até que chegue o dia da... Bom, aquele dia.

No início de janeiro, comecei a organizar a biblioteca de meu pai, que deixou cerca de 5.000 livros. Meu irmão gastou uma tarde numa separação prévia, pondo à parte os livros sobre estudos religiosos que serão doados ao seminário onde o Prof. Policarpo estudou nas décadas de 30 a 50 (sou praticamente uma filha de padre). Eu levei menos de duas horas para encher uma estante com best-sellers descartáveis, auto-ajuda e jornalismo oportunista para que os membros da família tirem o que quiserem antes de chamar o livreiro mais próximo. Com isso a casa ficará menos atravancada, mais arejada, e outras pessoas poderão aproveitar aquelas obras que, acumuladas por meu pai, não têm qualquer utilidade para nós. Temos certeza de que ela aprovaria. Afinal, a vida inteira doou livros para seus colegas e alunos, sem falar das centenas que comprou para os filhos e as netas.

Do que sobrou – Literatura, muita Linguística, um pouco de História e Ciências Sociais – irei, numa segunda e criteriosa etapa, determinar o que ainda pode (ou não) sair e o que fica em casa, por interessar a minha mãe ou por já ser um bem de família. Há livros que chegam a isso, seja por raridade, razões sentimentais ou uma combinação de ambos. E nesses casos concordo que é impossível nos desfazermos deles.

Eu poderia prosseguir nesse assunto, afirmando que a arte do descarte não serve apenas para os livros, mas também para a vida; que é preciso arejar corações e mentes, deixando ir embora o que já não serve a fim de criar espaço para o novo. Mas prefiro parar por aqui. Como já disse, os livros de auto-ajuda estão no topo da minha lista de bota-fora.

Até a próxima!

Ana"

Cá entre nós, eu não sou muito adepta do descarte de livros, já realizei uma troca e já dei alguns livros a amigos, já tive até livros surrupiados em empréstimos eternos, mas tirar da estante por não ler mais ou então de bom grado, acho difícil. 
Por enquanto não vejo necessidade de descartar minha pobrinha coleção, mas achei muito boa a reflexão dela e ainda mais por ela ser bibliotecária, nos permitindo ter uma idéia mais profissional sobre o descarte de livros usados.
Fica a dica para quem quiser descartar!
Obrigada Ana por me permitir reproduzir aqui o post!

Confiram o blog da Ana e também seus trabalhos!!!
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3 comentários:

Severino disse... [Responder Comentário]

muito interessante!!!

Andreia Nogueira disse... [Responder Comentário]

Eu acho muito difícil fazer isso...
Eu faço como s livros didáticos e assim mesmo tem uns que guardo eternamente, ma com emus livros de literatura, principalmente fantástica, acho que não tenho coragem...

Willma disse... [Responder Comentário]

Adorei seu blog e vou vir sempre aqui!
Aproveito a visita pra lhe fazer uma convite especial.
Venha fazer uma visita ao Espaço Senhorita e concorra a super prêmios.
sempresenhorita.blogspot.com
Não Perca!!!
Bjos.