quinta-feira, 3 de junho de 2010

Dora Ferreira da Silva

Poucas vezes pude sentir uma paixão à primeira leitura com poesias, normalmente leio uma duas até um livro inteiro de um escritor e ainda assim não chego a me apaixonar pelo que escreve.
Ontem peguei alguns livros da biblioteca da faculdade para ler durante o feriado e também para ler durante as férias!
Peguei tudo meio aleatório:
Anaïs Nin - que ouço muito falar, mas nunca li. - Henry, June e Eu.
John Keats - Nas Invisíveis Asas da Poesia,
Graham Greene - Trem de Istambul
e Dora Ferreira da Silva, objetivo do meu post hoje - Poesia reunida.

Li duas poesias seguidas do livro, e me apaixonei, ela escreve como gosto de ler, sobre coisas que me senti feliz em ler e das quais eu gostaria de escrever.
"Alma gêmea literária", hehe

Flores

As flores do inverno vão se abrindo
em arbustos sem folhas
candelabros de ramos
que se aquecem
na débil luz que emana das corolas.
Falam em surdina, veladas de aroma,
as pétalas, bailarinas do pudor,
confidenciando nos vórtices secretos
dentro da pálpebra do dia sem calor.
(Andanças)

Fonte Wiki: Clique Aqui
Dora Ferreira da Silva (1º de julho de 1918 - 6 de abril de 2006), foi poetisa e tradutora.
Casada com o filósofo Vicente Ferreira da Silva. Seu nome é bastante conhecido na área de tradução, onde realizou importantes trabalhos. Sua obra, contudo, merece atenção especial na poesia: ganhou três vezes o Prêmio Jabuti, e também mereceu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras.
Ao lado do marido, fundou e dirigiu a revista Diálogo, nos anos 50 e no final da década de 60 criou a revista Cavalo Azul.

Nascimento do Poema

É preciso que venha de longe
do vento mais antigo
ou da morte
é preciso que venha impreciso
inesperado como a rosa
ou como o riso
o poema inecessário.

É preciso que ferido de amor
entre pombos
ou nas mansas colinas
que o ódio afaga
ele venha
sob o látego da insônia
morto e preservado.

E então desperta
para o rito da forma
lúcida
tranqüila:
senhor do duplo reino
coroado
de sóis e luas.
(Andanças)

Mais poesias de Dora Ferreira da Silva no Jornal de Poesia: Clique Aqui

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